google-site-verification: google1dd19db594c6c3b6.html Crônicas do Peró: A OUTRA MARGEM DO RIO

segunda-feira, 30 de maio de 2011

A OUTRA MARGEM DO RIO

    Nós que nascemos em cidades pequenas, temos o privilégio de termos sempre por perto um rio, nossas cidades margeiam, às vezes nas duas margem, às vezes em uma só, como é o caso de minha terra; circundada por altos morros, com seu centro no vale, à margem direita no sentido Vale do Paraíba para o litoral. O rio que serpenteia minha terra é o Rio Paraíba do Sul, que é o rio que da nome a esta maravilhosa região, a região do Vale do Paraíba, a qual também é sem modéstia alguma a região mais bela do Brasil. O rio Paraíba do Sul é formado em nosso município, digo formado pois ele nasce em Silveiras-SP, com seu rio formador o Paraibuna o qual da nome a minha cidade, e quando se encontra com o rio Paraitinga formam o Paraíba do Sul.
    Tive em minha infância uma educação firme, digo firme, pois não achei outra denominação mais adequada, pois rígida seria muito forte e severa não foi tanta; e esta educação nos dada pelos nossos pais e pelos educadores da época, era comum naqueles tempos. Uma das coisa que recordo era o rio com suas águas escuras, descendo seu leito sem muito alarde, nos seus quarenta ou cinquenta metros de largura, recordo pois hoje é diferente na maior parte do tempo, porque ou ele está represado ou tem seu leito variado pelas represas que hoje o domam.
    Os banhos de rio na época eram proibidos, nadar no Paraíba era para os mais rebeldes e desobedientes; pois em minha infância e adolescência presenciei a morte de alguns colegas; lógico que para mim estes banhos eram proibidos, pois era um moleque obediente, que não ousava contestar as ordens e a rebeldia só iria aparecer anos depois, já no fim da adolescência. Ficava por horas observando os colegas a nadar, a desafiar o rio em bóias de câmaras de ar, a jogarem futebol em suas margens e até aos pescadores a arremessarem suas linhas, a qual voltavam com seus mandis e piabas, em boa parte dos arremessos, eram tempos de abundâncias.
     Também gostava de ficar a observar o rio, pensando, meditando, sonhando ou às vezes brigando com meus devaneios, tolos ou não; o rio me acalmava ou às vezes me exaltava, era o amigo que por minha timidez era raro entre os colegas. Quantos sonhos aquela água embalou; o mudar os homens e o mundo, aquele rio ouviu; onde aquela misera partícula de H2O iria parar, quanta raiva aquelas águas suportaram, quantos medos ela transportou, os incontáveis pesadelos, as blasfemias, as paixões correspondidas ou não, aquele amor infantil e muito mais tiveram as águas do rio Paraíba como confidente, como companheira.
    Hoje já principiando o outono de minha vida, ainda às vezes olho para aquelas águas, que já não é mais minha companheira de juventude, pois um dia, não sei quando as substitui por seres humanos, os quais amo muito, que prezo tanto e os chamo carinhosamente de " meus " ( Esposa, filhos, irmãos e pais). Recordo os sonhos, as alegrias e as mazelas que o rio conduziu, penso e espero que seja longínquo a minha partida para " A outra margem do rio". Nesta outra margem espero que a vida tenha mais sonhos, menos pesadelos, para que eu possa somente ficar a contemplar a beleza de suas águas.




                                                                 ÁMEM!

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