google-site-verification: google1dd19db594c6c3b6.html Crônicas do Peró: POLÍTICA E POLITICAGENS # 2

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

POLÍTICA E POLITICAGENS # 2


POLÍTICA E POLITICAGENS # 2

    Quando do dia primeiro de abril de 1.964, estava com 4 anos de idade, então não vivi intensamente como queria os anos ditos hoje como de chumbo; não sei dizer o porque, mas sempre desde a adolescência tinha uma enorme antipatia pela ditadura, pelas pessoas que a promoviam e a apoiavam. Sempre achei que deveria ter nascido dez anos antes, pois era meu sonho na época, participar de movimentos e revoluções, mas revoluções populares; queria protestar contra aqueles generais e políticos, que tanto nos atrasaram e nos oprimiram; mas estes assuntos vão ficar para outro dia, hoje vou comentar e discutir três lembranças, das muitas que tenho daqueles enfadonhos anos de ditadura militar.
    A primeira lembrança é sobre a TFP, aqueles integralistas patrocinados por uma parte da igreja católica elitizada, que eram tradicionalistas, conservadores e anticomunistas; que faziam um verdadeiro terror proposital , nas pequenas cidades quando a visitavam. Eram para mim criança na época, homens gigantescos de origem em sua maioria arianos, vestidos de ternos com opas e bandeiras, propositalmente vermelhas; nestes estandartes havia figuras intrísecas de Leões alados, dourados; tudo isto acompanhado de palavras gritadas por megafones em alto volume, lembro que marchavam e desfilavam como se fossem militares.
    Quando a notícia chegava, de que a TFP estava entrando na cidade, mamãe corria a nos juntar e nos colocavam dentro de casa, trancando todas as portas e janelas; só quando recuperavamos um pouco da nossa coragem é que ousavamos olhar por pequenas frestas das janelas; aquele bisonho e premeditado desfile. Era um terror, uma coisa surreal; hoje ao recordar, me pergunto o porque de tudo isto, uma coisa boa daquele tempo ficou para mim, a minha amada igreja católica mudou com aquilo, pessoas que queriam a ignorância do povo, tiveram que aceitar no mundo todo, que as missas fossem celebradas em seus idiomas e a Bíblia traduzida, lida e explicada para todos. Era o fim do latim.
    A segunda lembrança era da Convensão partidária, após um tempo que todas as eleições foram suprimidas, todos os partidos extintos, mandatos de prefeitos e vereadores prorrogados; veio-se a esmola, criaram o grande partidão, a ARENA, com o pitoresco nome de aliança renovadora nacional; pensem, se isto é nome de partido político, mas fundaram o dito cujo; também tiveram a idéia de que deveria existir um partido de oposição, para justificar os mandos e desmandos; os AI-1,2,3,4,5,etc. A este partido deram o nome de movimento democratico brasileiro, o MDB. Até nisto para mim eram desprovidos de inteligencia nossos ditadores, puseram para a oposição o nome de partido mais bonito.
    Voltando a Convensão, quem em sã consciência seria contra o partido da ditadura, principalmente em cidades pequenas,   diante este dilema tiveram a idéia de autorizar a criação de sub-partidos, de facções, de não sei dizer o quê, dentro dos partidos, nasceu assim em minha terra e em muitas outras; a ARENA-1,2,3,etc. Aqui tinha os dois partidos já comentados antes, em outra cronica, os de lá e os de cá; agora tinhamos o Arena-1 e o Arena-2. Para agradar os politicos, que adoram uma eleiçãozinha de vez em quando, para exercitar seus mandos e desmandos, criaram a Convensão, o sub-partido vencedor, teria o direito de seu candidato vir em primeiro lugar na cedula eleitoral, poderia ter mais candidatos a vereador e outras pequenas vantagens. Aqui era mais uma guerra, mais um festival de besteiras, mais uma chance para armações de pequenas falcatruas. Acima de tudo era uma festa, a armação do circo para os muitos palhaços se apresentarem.
    Por fim, vamos a terceira lembrança; o " O ouro para o bem do Brasil ". Explicar para os jovens de hoje, com suas internets, com seus ipods, que um dia, a não muitos anos atrás, nossos ditadores tiveram a grande ideia de fazer uma campanha e pedir para o povo, seu ouro, suas pequenas correntes de por no pescoço, seus anéis, suas alianças de casamento,etc; em troca de um muito obrigado, você esta sendo patriota esta colaborando com o futuro da nação, vamos fazer um milagre econômico para você e como uma pequena recordação você ainda leva esta aliança de lata, feia, escrita não o nome de seu conjuge, mas sim: Ouro para o bem do progresso. Filhos eles fizeram isto; foi uma verdadeira festa, usaram o nosso querido cinema como lugar da arrecadação, a cidade parou, havia fila enorme, como as filas dos filmes do Mazzaropi, as pessoas entregando suas alianças e outras joias para os homens de verde oliva; com o maior orgulho. Ainda falam que nós não somos patriotas, pelo nosso amado país deixamos a ser enganados e ficamos felizes.
    Para terminar vou lhes confidenciar um segredinho, o ouro sumiu, nunca deram notícias dele, as feias alianças também, nunca mais vi uma delas, hoje poucos dizem que a trocaram, mas lembro-me bem, a fila era de filme do Mazzaropi. Muitos crimes foram cometidos pela ditadura, este foi apenas um dos pequenos.


                   

                                 ÁMEM!

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